segunda-feira, 23 de março de 2009

Imaginação

Convite à Filosofia
De Marilena Chaui
Ed. Ática, São Paulo, 2000.

Unidade 4
O conhecimento

Capítulo 4
A imaginação

Cotidiano e imaginação

Com freqüência, ouvimos frases como: “Que falta de imaginação!”, “Por favor, use a sua imaginação!”, “Cuidado! Ela tem muita imaginação!”, “Que nada! Você andou imaginando tudo isso!”, “Não comece a imaginar coisas!”, “Imagine se tivesse sido assim!”.

Essas frases são curiosas porque indicam maneiras bastante diferentes de concebermos o que seja a imaginação. Na frase: “Que falta de imaginação!”, a imaginação é tomada como algo positivo, cuja falta ou ausência é criticada. Imaginar, aqui, aparece como capacidade mais alargada para pensar, para encontrar soluções inteligentes para algum problema, para adivinhar o sentido de alguma coisa que não está muito evidente. Ela aparece, também, como algo que nós temos e que podemos ou não usar.

Já nas frases: “Cuidado! Ela tem muita imaginação!”, “Que nada! Você andou imaginando tudo isso!” ou “Não comece a imaginar coisas!”, a imaginação é tomada como risco de irrealidade, invencionice, mentira, exagero, excesso. Agora, imaginar é inventar ou exagerar, perder o pé da realidade, assumindo, portanto, um sentido bastante diverso do anterior.

Na frase: “Imagine se tivesse sido assim!”, ou em outra como “Imagine o que ele vai dizer!”, a imaginação é tomada como uma espécie de suposição sobre as coisas futuras, uma espécie de previsão ou de alerta sobre o que poderá ou poderia acontecer como conseqüência de outros acontecimentos.

Apesar de diferentes, essas frases possuem alguns elementos comuns. Em todas elas:

● positiva ou negativamente, a imaginação está referida ao inexistente. Dizer “Use sua imaginação!” significa: faça de outro modo ou invente alguma coisa. Exclamar “Que falta de imaginação!” significa: poderia ter feito muito melhor, poderia ter dito uma coisa muito mais interessante. Alertar com a frase “Cuidado! Ela tem muita imaginação!” significa: ela inventa e exagera. Supor “Imagine o que nos teria acontecido!” significa: criar a imagem de uma situação que não aconteceu;

● a imaginação aparece como algo que possui graus, isto é, pode haver falta ou excesso;

● a imaginação se apresenta como capacidade para elaborar mentalmente alguma coisa possível, algo que não existiu, mas poderia ter existido, ou que não existe, mas poderá vir a existir.

A imaginação surge, assim, como algo impreciso, situada entre dois tipos de invenção – criação inteligente e inovadora, de um lado; exagero, invencionice, mentira, de outro. No primeiro caso ela faz aparecer o que não existia ou mostra ser possível algo que não existe. No segundo caso, ela é incapaz de reproduzir o existente ou o acontecido. Com isso, nossas frases cotidianas apontam os dois principais sentidos da imaginação: criadora e reprodutora.

A imaginação na tradição filosófica

A tradição filosófica sempre deu prioridade à imaginação reprodutora, considerada como um resíduo do objeto percebido que permanece retido em nossa consciência. A imagem seria um rastro ou um vestígio deixado pela percepção.

Os empiristas, por exemplo, falam das imagens como reflexos mentais das percepções ou das impressões, cujos traços foram gravados no cérebro. Desse ponto de vista, a imagem e a lembrança difeririam apenas porque a primeira é atual enquanto a segunda é passada. A imagem seria, portanto, a reprodução presente que faço de coisas ou situações presentes.

Por exemplo, se neste momento eu fechar os olhos, posso imaginar o computador, a mesa de trabalho, os livros nas estantes, o quebra-luz, a porta, a janela. A imagem seria a coisa atual percebida quando ausente. Seria uma percepção enfraquecida, que, associada a outras, formaria as idéias no pensamento.

Os filósofos intelectualistas também consideravam a imaginação uma forma enfraquecida da percepção e, por considerarem a percepção a principal causa de nossos erros (as ilusões e deformações da realidade), também julgavam a imaginação fonte de enganos e erros. Tomando-a como meramente reprodutora, diziam, por exemplo, que a imaginação dos artistas nada mais faz do que juntar de maneira nova imagens de coisas percebidas: um cavalo alado é a junção da imagem de um cavalo percebido com a imagem de asas percebidas; uma sereia, a junção de uma imagem de mulher percebida com a imagem de um peixe percebido.

A imaginação seria, pois, diretamente reprodutora da percepção, no campo do conhecimento, e indiretamente reprodutora da percepção, no campo da fantasia.

Por isso, na tradição filosófica, costumava-se usar a palavra imaginação como sinônimo de percepção ou como um aspecto da percepção. Percebemos imagens das coisas, dizia a tradição.

A tradição, porém, enfrentava alguns problemas que não podia resolver:

● em nossa vida, não confundimos percepção e imagem. Assim, por exemplo, distinguimos perfeitamente a percepção direta de um bombardeio da imagem do que seria uma explosão atômica;

● em nossa vida, não confundimos perceber e imaginar. Assim, por exemplo, distinguimos o sonho da vigília; distinguimos um fato que vemos na rua da cena de um filme;

● em nossa vida, somos capazes de distinguir nossa percepção e a imaginação de uma outra pessoa. Assim, por exemplo, percebemos o sofrimento psíquico de alguém que está tendo alucinações, mas não somos capazes de alucinar junto com ela.

Dessa maneira, a suposição de que entre a percepção e a imaginação, entre o percebido e a imagem haveria apenas uma diferença de grau ou de intensidade (a imagem seria uma percepção fraca e a percepção seria a imagem forte) não se mantém, pois há uma diferença de natureza ou uma diferença de essência entre ambas.

A fenomenologia e a imaginação

Quando falamos em imagens, referimo-nos a coisas bastante diversas: quadros, esculturas, fotografias, filmes, reflexos num espelho ou nas águas, ficções literárias, contos, lendas e mitos, figuras de linguagem (como a metáfora e a metonímia), sonhos, devaneios, alucinações, imitações pela mímica e pela dança, sons musicais, poesia.

Uma primeira diferença entre essas imagens pode ser logo notada: algumas se referem a imagens exteriores à nossa consciência (pinturas, esculturas, fotos, filmes, mímica, etc.), outras podem ser consideradas internas ou mentais (sonhos, devaneios, alucinações, etc.), enquanto algumas são externas e internas ao mesmo tempo (no caso da ficção literária, por exemplo, a imagem é externa, pois está no livro, e é interna, pois leio palavras e com elas imagino).

No entanto, algo é comum a todas elas: oferecem-nos um análogo das próprias coisas, seja porque estão no lugar das próprias coisas, seja porque nos fazem imaginar coisas através de outras.

A segunda diferença entre as imagens decorre do tipo de análogo que cada uma delas propõe. Um análogo pode ser um símbolo (a bandeira é um símbolo da nação), uma metáfora (dizer “a primavera da vida” para referir-se à juventude), uma ilustração (a foto de alguém junto a uma notícia de jornal ou uma paisagem num livro de contos), um esquema (a planta de uma casa ou de uma máquina), um signo (vejo a luz vermelha do semáforo e ela é o signo de uma ordem: “Pare!”), um sentimento (a emoção que sinto ao ouvir uma sinfonia), um substituto (um armário transformado em navio pela criança que brinca).

Embora sejam diferentes pela natureza da analogia, as imagens novamente possuem algo em comum: raramente ou quase nunca a imagem corresponde materialmente à coisa imaginada. Por exemplo, a bandeira e a nação são materialmente diferentes, os sons da sinfonia e meus sentimentos são diferentes, a fotografia e a pessoa fotografada são materialmente diferentes, um mímico que imita uma janela ou uma locomotiva não é nem uma coisa nem outra, etc. Notamos, assim, que é próprio das imagens algo que suporíamos próprio apenas da ficção, isto é, as imagens são irreais, quando comparadas ao que é imaginado através delas. Um quadro é real enquanto quadro percebido, mas é irreal se comparado à paisagem da qual é imagem.

Apesar de irreal e, justamente por ser irreal, a imagem é dotada de um poder especial: torna presente ou presentifica algo ausente, seja porque esse algo existe e não se encontra onde estamos, seja porque é inexistente. No primeiro caso, a imagem ou o análogo é testemunha irreal de alguma coisa existente; no segundo, é a criação de uma realidade imaginária, ou seja, de algo que existe apenas em imagem ou como imagem. Nos dois casos, porém, o objeto-em-imagem é imaginário.

Consciência imaginativa

Distanciando-se da tradição, a fenomenologia fala na consciência imaginativa como uma forma de consciência diferente da percepção e da memória, tendo como ato o imaginar e como conteúdo, ou correlato, o imaginário ou o objeto-em-imagem. A imaginação é a capacidade da consciência para fazer surgir os objetos imaginários ou objetos-em-imagem.

Pela imaginação, relacionamo-nos com o ausente e com o inexistente. Perceber este livro é relacionar-se com sua presença e existência. Imaginar um livro é relacionar-se ou com a imagem do livro percebido ou com um livro ausente e inexistente, que ainda não foi escrito e é apenas o-livro-possível. Graças à imaginação, abre-se para nós o tempo futuro e o campo dos possíveis.

A percepção observa as coisas, as pessoas, as situações. Observar é jamais ter uma coisa, pessoa ou situação de uma só vez e por inteiro. A percepção observa porque alcança as coisas, as pessoas, as situações por perfis, perspectivas, faces diferentes que vão sendo articuladas umas às outras, num processo sem fim, podendo sempre enriquecer nosso conhecimento, perceber aspectos novos, ir “completando” o percebido com novos dados ou aspectos.

A imaginação, ao contrário, não observa o objeto: cada imagem põe o objeto por inteiro. O filósofo francês Sartre dá um exemplo: quando imagino uma rua ou um edifício, tenho de uma só vez a rua-em-imagem ou o edifício-em-imagem, cada um deles possui uma única face e é essa que existe em imagem. Podemos ter muitas imagens da mesma rua ou do mesmo edifício, mas cada uma delas é uma imagem distinta das outras. Uma imagem, diz Sartre, é inobservável.

Se uma pessoa apaixonada tem diante de si a pintura ou a fotografia da pessoa amada, tem a imagem dela. Ao olhá-la, não olha para as manchas coloridas, para os traços reproduzidos no papel, não presta atenção no trabalho do pintor nem do fotógrafo, mas torna presente a pessoa amada ausente. A imagem é diferente do percebido porque ela é um análogo do ausente, sua presentificação.

Em outras palavras, percebemos e imaginamos ao mesmo tempo, embora perceber e imaginar sejam diferentes. Percebo a fotografia e imagino a pessoa amada. Percebo a fisionomia da pessoa fotografada (o olhar, o sorriso, as mãos, a roupa) e imagino a sedução do olhar, a doçura do sorriso, a sutileza dos gestos, a preferência por certas roupas. São dois estados de consciência simultâneos e diferentes.

Quando Clarice Lispector descreve o inseto e o ovo, percepção e imaginação são simultâneos e diferentes. Diante do verde-corpo-superfície-traço-que-caminha (percepção do inseto), Clarice imagina como seriam o desejo e o amor das “esperanças” (pergunta sobre as glândulas do inseto cujo corpo percebido parece impossível de conter algo em seu interior porque não tem interior). O inseto percebido e o inseto imaginado são duas consciências diferentes do mesmo inseto.

Quando a criança brinca, sua imaginação desfaz a percepção: todos os objetos, todas as pessoas e todos os lugares nada têm a ver com seu sentido percebido, mas remetem a outros sentidos, criam sentidos inexistentes ou presentificam o ausente. Um armário é um navio-em-imagem, um tapete é um mar-em-imagem, um cabo de vassoura é uma espada-em-imagem, uma folha de jornal é um mapa-em-imagem, um avental preso às costas é uma capa-em-imagem. A imaginação é, assim, uma capacidade irrealizadora.

A força irrealizadora da imaginação significa, por um lado, que ela é capaz de tornar ausente o que está presente (o armário deixa de estar presente), de tornar presente o ausente (o navio torna-se presente) e criar inteiramente o inexistente (a aventura nos mares). É por isso que a imaginação tem também uma força prospectiva, isto é, consegue inventar o futuro, como na canção de John Lennon, Imagine, ou como na invenção de uma teoria científica ou de um objeto técnico. Pelo mesmo motivo, a imaginação pode criar um mundo irreal que julgamos melhor do que o nosso, a ponto de recusarmos viver neste para “viver” imaginariamente naquele, perdendo todo o contato com o real. É o que acontece, por exemplo, na loucura, quando passamos definitivamente para o “outro lado”. Mas é também o que acontece todos os dias, quando sonhamos ou entramos em devaneio.

Embora vigília e sonho sejam diferentes, a vigília pode ser sentida como intolerável e insuportável e somos arrastados pelo desejo de ficar no sonho e de, embora acordados, viver como se o sonho fosse real, porque nossa imaginação o faz real para nós. Irrealizando o mundo percebido e realizando o sonho, a imaginação pode ocupar o lugar da percepção e passamos a perceber imaginariamente.

Quando o fazemos para criar um outro mundo ao qual os outros seres humanos também podem ter acesso, a imaginação passa do sonho à obra de arte. Quando o fazemos para criar um outro mundo só nosso e ao qual ninguém mais pode ter acesso, a imaginação passa do sonho à loucura. Assim, a diferença entre sonho, arte e loucura é muito pequena e frágil: a imaginação aberta aos outros (arte) ou fechada aos outros (loucura).

As modalidades de imaginação

Partindo da diferença entre imaginação reprodutora e imaginação criadora, podemos distinguir várias modalidades de imaginação:

1. imaginação reprodutora propriamente dita, isto é, a imaginação que toma suas imagens da percepção e da memória;

2. imaginação evocadora, que presentifica o ausente por meio de imagens com forte tonalidade afetiva;

3. imaginação irrealizadora, que torna ausente o presente e nos coloca vivendo numa outra realidade que é só nossa, como no sonho, no devaneio e no brinquedo. Esta imaginação tem forte tonalidade mágica;

4. imaginação fabulosa, de caráter social ou coletivo, que cria os mitos e as lendas pelos quais uma sociedade, um grupo social ou uma comunidade imaginam sua própria origem e a origem de todas as coisas, oferecendo uma explicação para seu presente e sobretudo para a morte. Aqui, a imaginação cria imagens simbólicas para o bem e o mal, o justo e o injusto, o puro e o impuro, o belo e o feio, o mortal e o imortal, o tempo e a Natureza pela referência às divindades e aos heróis criadores; explica os males desta vida por faltas originárias cometidas pelos humanos [o pecado original, por exemplo] e promete uma vida futura feliz, após a morte. É a imaginação religiosa;

5. imaginação criadora, que inventa ou cria o novo nas artes, nas ciências, nas técnicas e na Filosofia. Aqui, combinam-se elementos afetivos, intelectuais e culturais que preparam as condições para que algo novo seja criado e que só existia, primeiro, como imagem prospectiva ou como possibilidade aberta. A imaginação criadora pede auxílio à percepção, à memória, às idéias existentes, à imaginação reprodutora e evocadora para cumprir-se como criação ou invenção.

Imaginação e teoria do conhecimento

Do ponto de vista da teoria do conhecimento, a imaginação possui duas faces: a de auxiliar precioso para o conhecimento da verdade e a de perigo imenso para o conhecimento verdadeiro.

Quando lemos relatos dos cientistas sobre suas pesquisas e investigações, com freqüência eles se referem aos momentos em que tiveram que imaginar, isto é, criar pelo pensamento a imagem total ou completa do fenômeno pesquisado para, graças a ela, orientar os detalhes e pormenores da pesquisa concreta que realizavam.

Essa imagem é negadora e antecipadora. Negadora: graças a ela, o cientista pode negar ou recusar as teorias já existentes. Antecipadora: graças a ela, o cientista pode antever o significado completo de sua própria pesquisa, mesmo que esta ainda esteja em andamento; a imaginação orienta o pensamento. O filósofo Gaston Bachelard atribui à imaginação a capacidade para encorajar o pensamento a dizer “não” a teorias existentes e propor novas.

Muitas vezes, lendo um romance ou vendo um filme, compreendemos e conhecemos muito melhor uma realidade do que se lêssemos livros científicos ou jornais. Por quê? Porque o artista, através da imaginação, capta o essencial e reúne o que estava disperso na realidade, fazendo-nos compreender o sentido profundo e invisível de alguma coisa ou de alguma situação. O artista nos mostra o inusitado, o excepcional, o exemplar ou o impossível por meio dos quais nossa realidade ganha sentido e pode ser mais bem conhecida.

Outras vezes, porém, sobretudo quando se trata da imaginação reprodutora, somos lançados no mundo dos ídolos, de que fala Francis Bacon, ou no mundo da prevenção e dos preconceitos, de que fala Descartes.

Agora surge um tecido de imagens ou um imaginário, que desvia nossa atenção da realidade, ou que serve para nos dar compensações ilusórias para as desgraças de nossas vidas ou de nossa sociedade, ou que é usado como máscara para ocultar a verdade. O imaginário reprodutor (nas ciências, na Filosofia, no cinema, na televisão, na literatura, etc.) bloqueia nosso conhecimento porque apenas reproduz nossa realidade, mas dando a ela aspectos sedutores, mágicos, embelezados, cheios de sonhos que já parecem realizados e que reforçam nosso presente como algo inquestionável e inelutável. É um imaginário de explicações feitas e acabadas, justificador do mundo tal como ele parece ser. Quando esse imaginário é social, chama-se ideologia.

Sob esse aspecto, a imaginação reprodutora se opõe à imaginação utópica. Utopia é uma palavra grega que significa: em lugar nenhum e em tempo nenhum. A imaginação utópica cria uma outra realidade para mostrar erros, desgraças, infâmias, angústias, opressões e violências da realidade presente e para despertar, em nossa imaginação, o desejo de mudança. Assim, enquanto o imaginário reprodutor procura abafar o desejo de transformação, o imaginário utópico procura criar esse desejo em nós. Pela invenção de uma outra sociedade que não existe em lugar nenhum e em tempo nenhum, a utopia nos ajuda a conhecer a realidade presente e buscar sua transformação.

Em outras palavras, o imaginário reprodutor opera com ilusões, enquanto a imaginação criadora e a imaginação utópica operam com a invenção do novo e da mudança, graças ao conhecimento crítico do presente.

domingo, 22 de março de 2009

O Perfil do Administrador do presente, face as Novas Tecnologias da Informação

Por Solange Moreira Dias de Lima

05/10/2002

"Assim como ninguém aprende tanto sobre um assunto como o homem que é obrigado a ensiná-lo,também ninguém se desenvolve tanto como o homem que tenta ajudar os outros a se autodesenvolverem."

Peter Drucker.

RESUMO

O novo ambiente empresarial provoca a necessidade das empresas se tornarem organizações de aprendizagem. Para isso, uma série de mudanças devem acontecer, sobretudo no perfil do administrador que atua nessas organizações. Essas mudanças passam por uma série de resistências, provocadas pelo modelo institucional de ensino, que limita a iniciativa, a criatividade e o livre arbítrio dentro das empresas. Neste trabalho, porém, são apresentados alguns modelos de aprendizagem para ajudar aos novos administradores a enfrentar as mudanças tão repentinas que vêm ocorrendo dentro e fora das empresas, considerando-se que o perfil do '' novo administrador" seja um eterno aprendiz, utilizando-se da melhor forma possível, as novas tecnologias de informação.

1 - INTRODUÇÃO

O mercado de trabalho está passando por profundas transformações neste início de século. Cada vez mais profissionais, principalmente no nível executivo, estão se defrontando com novos desafios, tais como globalização, descentralização, downsizing e terceirização. As próprias noções de emprego e trabalho, estão mudando. Nesse sentido, este administrador deverá ter bem claro em sua mente qual o papel do administrador nesta virada de século; que conhecimentos ele deve ter e reciclar para se preparar para esses novos desafios e as habilidades que lhe serão exigidas, num ambiente tão tumultuado e competitivo.

Hoje, portanto, Globalização é um fator condicionante de toda ação administrativa. A evolução tecnológica acelerada é outro fator fundamental para a compreensão das mudanças que estão ocorrendo; além disso, a descentralização dos processos de decisão e ação é uma reação das organizações, em busca de agilidade, que está se consolidando cada vez mais. Neste contexto, porém, o deslocamento do poder e a inversão da pirâmide organizacional, caminhando para uma horizontalização das empresas é uma tendência destacada. O uso cada vez mais generalizado da informatização, onde as novas Tecnologias de Informação, cruzada com a tendência globalizante, tem produzido efeitos curiosos no ambiente de negócios.

Esse trabalho, porém, visa mostrar que o administrador, como um agente de transformação dessas relações necessita de um novo perfil, caracterizado pela necessidade emergente de mudar a sua maneira de vislumbrar o processo de aprendizagem como uma forma de qualificação e requalificação profissional, passando a concebê-la como um instrumento de renovação de seus conhecimentos que ocorre no dia-a-dia das organizações. Assim, torna-se importante fazer uma análise de como esse administrador pode se tornar o principal elemento capaz de manter as organizações competitivas e rentáveis, através da gestão do conhecimento, utilizando-se das novas tecnologias de Informação como verdadeira aliada.

2 - A Globalização e o novo perfil

Com a globalização econômica, a temática prioritária no campo empresarial passou a ser a competitividade. Nesse caminho, a necessidade de se impor em um mercado sem fronteiras fez com que as economias substituíssem o trabalho humano pela eficiência e perfeição da alta tecnologia, muitas vezes gerando desemprego ou realocando trabalhadores para funções menos nobres.

Existem, atualmente 800 milhões de desempregados em todo o mundo. Nos países subdesenvolvidos, a situação é ainda pior. É longo o caminho que precisam percorrer para alcançar o nível de automação do Primeiro Mundo e, além disso, amargam com freqüência dois tipos de desemprego: conjuntural - causado pelo arrocho no crédito e taxa de câmbio que limita as exportações - e estrutural - provocado pela mudança no processo de produção ou no mix de bens e serviços produzidos em certos momentos. Esse último, resultante da substituição do Homem pelas Máquinas.

Essa redução dos empregos nas indústrias também está relacionada com as mudanças organizacionais. Os administradores estão diminuindo os cargos de chefia, a pirâmide organizacional e estão terceirizando grande parte das atividades. Nas empresas modernas, multiplica-se a idéia de que é melhor subcontratar serviços a contratar gerentes. O objetivo da empresa moderna é conseguir o máximo de autonomia com o mínimo de intervenção humana. Respondendo a tantas mudanças, o mercado sugere a necessidade de um novo perfil profissional: "As empresas não mais precisam de profissionais eminentemente técnicos, e sim, de pessoas voltadas para os processos de interpretação, elaboração e transformação". O profissional de sucesso não é mais aquele especializado em determinado assunto. Hoje, é preciso ter uma visão globalizada para atender a um consumidor exigente.

Para se obter esta qualificação profissional, entretanto, deve partir das empresas a iniciativa de oferecer treinamentos, cursos de informática e línguas estrangeiras e promover seminários internacionais, entretanto, se a empresa não investir na qualidade de seus funcionários, o profissional deverá tomar a iniciativa sempre que possível.

Enfim, lidar com essas mudanças, inovações e saber navegar em informações, lidando competentemente com pessoas em todos os níveis de poder, e tirando proveito dos conflitos que surgem das crises diárias, são pontos de preocupação da maioria dos administradores no ambiente atual.

3 - Exigências de um novo cenário...

Atualmente, caminha-se para um ambiente em que o tempo é o recurso mais escasso e verdadeiramente não renovável. A pressão da reação rápida, da resposta em curto espaço de tempo, está impressa nas atitudes e comportamentos e, gerenciar eficazmente o tempo é um diferencial competitivo tanto para empresas quanto para os profissionais em geral. Portanto, a maioria dos estudos na área de administração apresentam um cenário baseado na competitividade, na busca pela qualidade e pela produtividade. Para isso, o Administrador precisa de uma série de qualidades individuais e profissionais para ajudar as organizações a alcançar seus objetivos; qualidades estas que vem sendo cada vez mais valorizadas, considerando-o como um ser dinâmico e sistêmico, capaz de interagir, de participar ativamente da vida na e da organização, mesmo com todo o advento da Tecnologia.

Segundo Mariotti (1996),fomos educados num clima de competição, estimulados a lutar uns contra os outros, sendo que a competição seria própria da natureza humana, e, portanto, representaria a chave para todas as portas.

E agora, o que fazer diante de um cenário que requer um 'novo administrador', consciente de sua responsabilidade, mas com limitações culturais que dificultam a mudança de mentalidade, na forma de pensar , de agir e de decidir? O foco pode se transformar: da competição, onde pessoas competem com outras, para a competência, onde pessoas unem esforços, trabalham em conjunto, visando obter novos conhecimentos, novas habilidades, descobrindo novas formas de administrar uma organização baseada na aprendizagem, como processo contínuo de renovação e de transformação, este sendo, no entanto, o maior desafio do administrador atualmente.

No entanto, existem ainda aqueles que não admitem ou não querem enxergar estas modificações de comportamento e ambiente, dificultando as novas formas de se comunicar dentro da empresa, impedindo até (quem sabe), a evolução e o progresso da instituição, pensando de forma egocêntrica que o seu negócio não será afetado por nada disso, pois sua empresa tem anos e anos de experiência no mercado e ele, como administrador experiente, não precisa mudar seu comportamento por conta do que ocorre lá fora. Esse indivíduo está fadado a ser mais um na fila dos desempregados, sendo vítima desse mercado competitivo o qual ele se negou a enxergar e da sua própria ignorância de buscar novos conhecimentos, de querer continuar detendo o controle da empresa em suas mãos, insistindo em continuar naquele ambiente 'competitivo', porém sem 'competência'.

Aquele que não acompanhar e se adequar às mudanças desse novo cenário de constantes transformações, informatização substituindo mão-de-obra humana, que insistir nessa cultura de constante competição, esquecendo-se que o que se está exigindo atualmente ao invés de administrador competitivo é o administrador competente, estará fora do espetáculo bem antes que se imagina, pois o cenário está em reformas...

4 - Um desafio para o Administrador: Gestão do Conhecimento

A humanidade está inserida na era da informação. O grande volume de informações existentes contribui para tornar o conhecimento uma 'arma' a disposição das pessoas e das empresas para vencer a competitividade. A comunicação passou a ser valorizada, pois é o meio pelo qual se disseminam as informações, agregando valor aos indivíduos que conseguem transformar essas informações em conhecimentos. Há a necessidade de uma grande habilidade de relacionamento interpessoal, em aspectos como linguagem, comportamento, vivência multicultural e habilidade para negociação. Existe uma demanda por conhecimentos atualizados em Tecnologia da Informação, e seus impactos no ambiente de negócio, em seus diversos aspectos internos e externos à empresa. É crucial a capacidade - técnica e instrumental - de pesquisar, selecionar, analisar, sintetizar, discernir, aprender e manipular informações, tanto oriundas do meio ambiente, quanto as oriundas de dentro da empresa

Há uma necessidade muito grande de saber lidar com a inovação, em todos os aspectos, sabendo identificar oportunidades e traçar linhas de ação, com agilidade, para aproveitamento da situação. É fundamental a preparação para interagir, através de cursos direcionados, dinâmicas de grupos com profissionais especializados, adquirir mais e melhores conhecimentos dos seus companheiros de trabalho; monitorar e influir no clima organizacional, nos fatores de estimulo e motivação, e na cultura organizacional, através de seus valores, hábitos e crenças.

O administrador precisa conhecer seu ambiente de trabalho, seu mercado e seus clientes, criando comportamentos alternativos. Essa visão das transformações e movimentos no meio ambiente é que poderá nortear as decisões estratégicas na empresa, e a habilidade para lidar com a tecnologia - e seus efeitos colaterais - é crucial para o sucesso empresarial.

Porém, as mesmas razões que levam um administrador ao sucesso podem fazer sua carreira descarrilar. De 30 % a 50% dos executivos de grande potencial descarrilam, em geral, por não criarem comportamentos alternativos. Esses executivos agem se esquecendo de alguns fatos que podem ser cruciais para sua carreira, tais como: desatenção com as pessoas, mau desempenho em grupo, falhas na imagem e comunicação, insensibilidade à reação dos outros, dificuldade com autoridade, visão estreita ou ampla demais, indiferença e trabalho em isolamento. É preciso transforma-se numa pessoa melhor, saber quando seu ponto forte deixa de ser um motor de arranque e passa a ser um fardo pesado para carregar, e só se conseguirá isso através da busca de novos conhecimentos, baseando-se na melhoria de seu comportamento para melhor se adaptar ao novo ambiente inovador.

5 - Um modelo de aprendizado

Além das formas tradicionais de aprendizado e as citadas nesse trabalho, existe uma nova concepção de aprendizado, apresentada por Wick & León (1997), baseado no S.A B.E.R, composto de cinco passos interligados:

a) Selecionar: escolher uma meta que seja fundamental para você e para sua empresa;

b) Articular: determinar como você vai atingir a meta;

c) Batalhar: colocar o plano articulado em prática;

d) Examinar: avaliar o que e como você aprendeu; e

e) Recomeçar: determinar sua próxima meta de aprendizagem.

"A transformação está ligada ao aprendizado em profundidade, que questiona e rompe com os meios e resultados existentes ou 'antigos' e conduz a meios radicalmente novos" ( Gold, 1995, p.134).

Para isso o perfil do administrador deve englobar características que o tornem um administrador que APRENDE, e no entanto, dispor de alguns requisitos básicos para a aprendizagem organizacional:

· Curiosidade intelectual;

· Modéstia;

· Autocrítica vigilante;

· Capacidade de imaginar futuros alternativos;

· Apetite pelo feedback;

· Mecanismos conscientes para criar, coletar e disseminar conhecimentos,

· Predisposição à experimentação.

Assim sendo, provavelmente, esse administrador terá mais disponibilidade para acatar esses novos conhecimentos, tendo como alvo, sua qualificação e excelência como profissional.

6 - Administrador do Passado versus Administrador do Terceiro milênio

Segundo Wick & León (1997), pode-se fazer uma comparação entre o administrador do passado e o administrador do futuro, que na realidade pertence a um futuro que já deveria estar presente nas organizações, como mostra o quadro abaixo:

OS ADMINISTRADORES DO PASSADO

OS ADMINISTRADORES DO TERCEIRO MILÊNIO

Aprendiam quando alguém lhes ensinava

Procuram deliberadamente aprender

Achavam que o aprendizado ocorria principalmente na sala de aula

Reconhecem o poder do aprendizado decorrente da experiência de trabalho

Responsabilizavam o chefe pela carreira

Sentem-se responsáveis pela sua própria carreira

Não eram considerados responsáveis pelo próprio desenvolvimento

Assumem a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento

Acreditavam que sua educação estava completa ou só precisava de pequenas reciclagens

Encaram a educação como uma atividade permanente para a vida toda

Não percebiam a ligação entre o que aprendiam e os resultados profissionais

Percebem como o aprendizado afeta os negócios

Deixavam o aprendizado a cargo da instituição

Decidem intencionalmente o que aprender

Quadro 01 - Análise comparativa entre os Administradores do passado e os Administradores do terceiro milênio. Fonte: Wick & León (1997)

O quadro 01 demonstra que os administradores devem se responsabilizar pelo próprio aprendizado e estar conscientes que o seu desenvolvimento pessoal e profissional dependem muito mais das suas ações pessoais na busca de novos conhecimentos.

Daí poder-se citar o caso de diferenças etárias nas organizações, onde ainda hoje é visto como um problema. Vê-se pessoas jovens bem sucedidas e outras, de maior idade, que não conseguem atingir os objetivos que traçaram há anos. Isso pode ser perfeitamente explicado pelo quadro acima, tendo em vista a grande concorrência no mercado de trabalho, onde os jovens estão buscando com mais ansiedade seus objetivos, tendo maior poder de decisão sobre suas atitudes, poder de escolha entre o que fazer ou não, aprender ou não, se responsabilizando pelos seus próprios atos.

De fato, sem se atualizar, qualquer profissional será descartado, tenha ele 70 ou 25 anos de idade. As pessoas têm a capacidade de surpreender, de se atualizar, de virar o jogo. Portanto, ainda não inventaram nada melhor do que a experiência; sendo assim, está sendo muito utilizado em grandes empresas, se colocar jovens empreendedores, cheios de novos conceitos e idéias junto com veteranos para trabalharem como incentivo à troca constante de experiências.

Dessa forma, as empresas devem contar com a experiência dos veteranos que conhecem muito sobre ela e a força dos jovens, cheios de idéias e ideais. Ambos se completam.

6.1 - O administrador e a Internet

A Internet está hoje em todos os lugares na vida do administrador. Na empresa, ou na vida particular, o gestor de negócios se depara com a presença da Internet a todo momento. O comércio eletrônico está mudando a forma como as empresas fazem seus negócios, o comportamento do consumidor on-line está cada vez mais diferenciado. A comunicação organizacional está entrando em um outro patamar com as Intranets. A cooperação entre as empresas está criando novas alternativas de redução de custo de produtividade com as extranets. Enfim, modelos totalmente novos estão surgindo, e acompanhar essas mudanças não é nada fácil, mas absolutamente necessário num ambiente competitivo globalizado como o atual.

Não é só na estratégia competitiva e nas relações externas que a Internet é uma nova variável, que muda completamente a equação do sucesso. Na gestão interna da empresa também o impacto das tecnologias ligadas à Internet é grande. Graças ao advento do e-mail e das intranets, por exemplo, muito do "capital intelectual" das empresas está encontrando uma nova alternativa e valorização. A agilidade dos processos internos está aumentando vertiginosamente, impactando a forma como se estrutura e administra as organizações.

Porém, muito se tem veiculado sobre a explosão da Internet, e muitos aspectos da sociedade passam a ser discutidos com essa perspectiva. O e-commerce, o marketing eletrônico, os serviços de suporte a clientes via correio eletrônico são alguns dos aspectos importantes da Internet para as empresas, e que vem sendo discutidos cada vez mais nos meios de Administração e de Tecnologia da Informação.

Esse tipo de comunicação ainda recente, ainda não está sendo alvo de grandes estudos, estando o assunto longe de esgotar o interesse científico e acadêmico. A Internet é realmente útil para todos, porém é um verdadeiro desafio, pois a tecnologia é cada vez mais complexa, os softwares são cada vez mais sofisticados, a necessidade de treinamento é cada vez maior e o custo de administração desses sistemas se eleva continuamente; portanto, comprar é cada vez mais fácil, mas gerenciar esta compra ainda é muito caro.

A crença de que a Internet permite que qualquer empresa atue globalmente em todos os mercados, tem levado, principalmente as pequenas empresas a procurarem a Internet como alternativa de marketing e prospecção de novos mercados. Outrossim, é necessária toda uma estrutura por trás da operação, um administrador que realmente se intere dessa nova pauta, para garantir o plano desejado e a entrega dos produtos e serviços a seus clientes.

A rapidez tem sido, talvez, o maior desafio das empresas, além da exigência de eficiência e eficácia dos administradores de empresas. Assim, nas organizações hoje, a maioria pensa estar indo rápido quando, na verdade, o que acontece, é apenas se estar tendo pressa. A verdadeira rapidez é uma particularidade da ação, não do pensamento. É necessário planejar cuidadosamente, para, então poder agir rápido. E isso o administrador de empresas deve ter em mente sempre que se deparar com novas Tecnologias de Informação, sabendo utilizar dessas informações e da Internet propriamente dita, para melhor auxiliá-lo em seus afazeres, não se esquecendo da memória organizacional, pois sem memória, sem se conhecerem, as empresas ficam fadadas a cometerem os mesmos erros constantemente. Uma memória ativa, um administrador eficiente e uma correta utilização das novas TI , permitirão a esta empresa queimar algumas etapas, simplificar caminhos e assim, como a velocidade da ação cobra o tempo do planejamento, a memória do passado é crucial para as ações futuras.

A Internet está aí para auxiliar a todas as pessoas que queiram 'ganhar tempo' de alguma forma, mas, são necessários alguns princípios para se ter eficiência com essa nova ferramenta de trabalho: Ter um bom treinamento para melhor utilizá-la; saber discernir o que é útil e o que é fútil; o que é e o que não é compatível com suas necessidades.

Esse talvez seja apenas mais um desafio para os Administradores ...

6.2 - Uma questão a ser revista:

O problema pode ser o da explosão da "não-informação". Essa discussão é importante para a questão do administrador neste século, uma vez que estamos entrando em um novo ciclo econômico, fortemente baseado em Tecnologia da Informação, conhecido como Era da Informação, ou ainda Era do Conhecimento. Essa Era da Informação pode criar novas formas de participação para as pessoas, interrelacionando diferentes culturas. O administrador precisa tanto da criatividade, da agilidade, da capacidade de se modificar, de se adaptar continuamente, quanto da confiança, constância e permanência de seus sistemas de informação. A empresa precisa de ambos: criatividade e rapidez. A solução dessas questões é fundamental no processo de formação desses "gestores de conhecimentos", ou seja, de cada um de nós daqui para frente!

A imagem dessa era, no entanto, ainda se concentra em tecnologias de hardware, produção em massa, estreitos modelos econômicos de eficiência e competição, e é mais uma extensão de idéias e métodos industriais do que um novo estágio no desenvolvimento humano, ou seja, "ou o administrador gerencia mudanças, ou não administrará nada!"

7 - Considerações finais

Todos os aspectos levantados neste trabalho demonstram que o perfil do administrador de hoje, é o de um eterno aprendiz, capaz de levar o seu aprendizado para o ambiente das organizações. Além disso, o aprendizado pode se tornar um instrumento capaz de guiar todas as suas ações, tornando-se uma verdadeira filosofia de vida. As empresas modernas devem se tornar gestoras de conhecimentos para ajudá-las a se transformar continuamente e sobreviver às mudanças tão rápidas que vêm ocorrendo no ambiente empresarial. Para isso, é necessário a mudança do perfil do administrador, que, além de uma formação técnico-científica, deve ter uma formação humanística, interdisciplinar e sistêmica, levando a aprendizagem para todos os níveis organizacionais, através de novas Tecnologias de Informação, introduzindo, portanto uma nova concepção de administração nas organizações.

O Administrador deve estar consciente dessas novas transformações, que é um processo rápido e poderá transformá-lo no principal agente de mudanças da organização, e se essa nova concepção de organização for introduzida com sucesso, poderá provocar mudanças na mentalidade das organizações, chegando aos lares dos funcionários, mudando toda uma sociedade. É, portanto, uma nova modalidade de responsabilidade social que se encontra nas mãos dos grandes gestores das organizações: os seus administradores...

8 - Referências Bibliográficas:

GOLD, J. A empresa que aprende baseada no conhecimento In: CLARKE, T., MONKHOUSE, E. Repensando a Empresa. São Paulo: Pioneira, 1995. MARIOTTI, Humberto. Organizações de Aprendizagem. Educação continuada e a empresa do futuro. São Paulo: Atlas, 1996.

SILVA, Anielson Barbosa da. Globalização, Tecnologia e Informação: a tríade que desafia a administração. Brasília, Revista Brasileira de Administração. V.8, n.22, 1998.

VAILL, P.B. Aprendendo Sempre. Estratégias para sobreviver num mundo em permanente mutação. São Paulo: Futura, 1999.

WICK, C.W., León, L.S. O desafio do Aprendizado. Como fazer sua empresa estar sempre à frente do mercado. São Paulo: Nobel, 1999.

Cronograma da Disciplina

Disciplina: Informática aplica a Adm.

Carga horária: 60

Créditos: 04

Ementa

O computador na sociedade, nas instituições e no uso pessoal. Fundamentos de Hardware. Principais unidades funcionais dos computadores. Fundamentos de software. Principais softwares básicos. Principais aplicativos.

Objetivos

Dar ao aluno noções básicas sobre os principais elementos da informática (hardware e software). Enfatizar o uso da informática na área de administração de empresas.

Conteúdo Programático

1. Introdução à informática:

  • Conceito de informática, processadores, periféricos, hardware, software,

2. Fundamentos de Internet:

  • Estrutura; recursos: WWW, e-mail, ftp e irc; serviços de busca e pesquisa;
  • A rede como meio de pesquisa científica e profissional;
  • Prática: Uso de recursos de Internet.

3. Sistema e Tecnologia da Informação:

  • dado, informação e comunicação;
  • formação do conhecimento; tecnologia e tecnologias da informação;'
  • sistemas da informação; organização da informação;

4. Editores de Texto:

  • discussão sobre o aplicativo no contexto empresarial.
  • Prática: Apresentação e aplicação de recursos básicos e avançados no Word.

5. Planilha Eletrônica

  • discussão sobre o aplicativo no contexto empresarial.
  • Prática: Apresentação e aplicação de recursos básicos no Excel.

6. Aplicativos de Apresentação:

  • discussão sobre o aplicativo no contexto empresarial.
  • Prática: Apresentação e aplicação de recursos básicos no PowerPoint.

7. Aplicativos de Apresentação: (Prática)

  • Apresentação de Trabalhos desenvolvidos em PowerPoint.

8. Informática Aplicada à área do curso

  • discussão sobre recursos informáticos na área do curso;
  • questão de qualidade na escolha de software aplicativo.
  • Prática: Pesquisa em internet sobre informática aplicada.

09. Ferramenta para editoração voltada à internet.

  • Discussão sobre quais recusas do design melhor expressam a imagem de uma organização, na internet;
  • composição de um portal; questões de design;
  • Prática:Aplicação de recursos de construção de portal para internet e composição de seus trabalhos

10. Comércio Eltrônico -

  • questão de "e-business"
  • principais conceitos e tipos de e-business.

11. Ferramenta para editoração voltada à Internet (prática)

  • Apresentação de Trabalhos desenvolvidos como portais.

Metodologia

1. Aulas Expositivas;

2. Estudo de Casos;

3. Aulas práticas no laboratório de informática;

4. Trabalhos em grupos (os trabalhos serão divididos em um assunto para cada grupo);

5. Leitura de textos científicos e de periódicos

Primeira semana:
Apresentação da disciplina
Apresentação da metodologia e do cronograma de atividades
Aula expositiva - conceitos fundamentais de informática e das ferramentas de internet
Pesquisa na internet sobre informática aplicada a administração
Criar e-mails para os alunos que ainda não tem.
Construçaõ de blogs.
Construção de uma página (apresentação dos alunos e seus projetos)

Segunda semana

Prática de laboratório de informática

Editor de texto
Apresentação multimidia
Planilha Eletrônica

Processo avaliativo:

Terceira semana

Seminário:

Equipe 01 - Aplicação do Sofware Livre nas empresas
Equipe 02 - Fundamentos de Informática
Equipe 03- E-business
Equipe 04 - Tecnologia e Sistema de Informação
Equipe 05 - Ferramentas da internet (intranet e extranet)

Produção de projeto final: construção de uma página

Construção de blogs

Leituras e discussões de textos nos respectivos blogs.

Discussões em lista de discusão


O futuro já chegou

Faça a resenha do texto de Peter Drucker e publique no seu blog.


O futuro já chegou


São Paulo, 22 de março de 2000 (Edição 710) - O impacto verdadeiramente revolucionário da Revolução da Informação está apenas começando a ser sentido. Mas não é a informação que vai gerar tal impacto. Nem a inteligência artificial. Nem o efeito dos computadores sobre processos decisórios, determinação de políticas ou criação de estratégias. É algo que praticamente ninguém previa, que nem mesmo era comentado 10 ou 15 anos atrás: o comércio eletrônico - ou seja, a emergência explosiva da Internet como importante (e, talvez, com o tempo, o mais importante) canal mundial de distribuição de bens, serviços e, surpreendentemente, empregos na área administrativa e gerencial. É ela que está provocando transformações profundas na economia, nos mercados e nas estruturas de indústrias inteiras; nos produtos, serviços e em seus fluxos; na segmentação, nos valores e no comportamento dos consumidores; nos mercados de trabalho e de emprego. Mas talvez seja ainda maior o impacto exercido sobre a sociedade, a política e, sobretudo, sobre a visão que temos do mundo e de nós mesmos.


Ao mesmo tempo, novas e inesperadas indústrias vão surgir, sem dúvida alguma - e rapidamente. Uma delas já está entre nós: a biotecnologia. Outra é a criação de peixes. Nos próximos 50 anos, a criação de peixes pode nos transformar de caçadores e coletores marinhos em pecuaristas marinhos. Exatamente como mais ou menos 10000 anos atrás, uma inovação semelhante transformou nossos ancestrais de caçadores e extrativistas em agricultores e pastores.


É provável que outras tecnologias surjam de repente, levando à criação de novas indústrias. É impossível sequer dar um palpite quanto à sua natureza. Mas que elas vão surgir, e em pouco tempo, é altamente provável. Na verdade, é quase certo. E é quase certo que poucas - e só algumas das indústrias baseadas nelas - virão dos computadores e da informática. Como a biotecnologia e a criação de peixes, cada uma surgirá a partir de tecnologia própria e inesperada.


É claro que isso tudo não passa de previsões. Mas elas são feitas com base na premissa de que a Revolução da Informação vai seguir o mesmo caminho percorrido por várias outras evoluções tecnológicas nos últimos 500 anos, desde a revolução da imprensa iniciada por Gutenberg em 1455. A premissa é, especialmente, que a Revolução da Informação vai ser semelhante à Revolução Industrial do final do século 18 e início do século 19. E, de fato, é exatamente assim que a Revolução da Informação tem sido em seus primeiros 50 anos.



A ferrovia


A Revolução da Informação se encontra no ponto em que a Revolução Industrial estava no iníc­o da década de 1820, cerca de 40 anos depois de a máquina a vapor aperfeiçoada por James Watt (montada pela primeira vez em 1776) ter sido aplicada a uma operaçao industrial - a fiação de algodão E a máquina a vapor foi para a primeira Revolução Industrial, aquilo que o computador vem sendo para a Revolução da Informação: seu gatilho, mas também e sobretudo, seu símb­olo.

Hoje em dia, quase todo mundo acredita que nunca na história econômica alguma coisa avançou tão rapidamente ou exerceu um impacto maior do que a Revolução da Informação. Mas a Revolução Industrial avançou pelo menos tão rapidamente quanto ela no mesmo espaço de tempo e, provavelmente, exerceu impacto igual - se não maior. Resumindo: ela mecanizou a maioria dos processos manufatureiros, começando com o do produto industrial básico mais importante do século 18 e início do 19: os têxteis. A Lei de Moore diz que o preço do elemento básico da Revolução da Informação, o microchip, cai 50% a cada 18 meses. O mesmo se aplicava aos produtos cuja manufatura foi mecanizada pela primeira Revolução Industrial. O preço dos tecidos de algodão caiu 90% nos 50 primeiros anos do século 18. Durante o mesmo período, a produção de tecidos de algodão foi multiplicada por 150, apenas na Grã-Bretanha.


Embora os têxteis fossem o produto que mais chamava a atenção no início da Revolução Industrial, essa também mecanizou a produção de praticamente todos os outros produtos mais importantes, como papel, vidro, couro e tijolos. O impacto não se limitou, de maneira alguma, aos bens de consumo. A produção de ferro e de seus derivados - arame, por exemplo - mecanizou-se e passou a ser movida por máquinas a vapor, na mesma velocidade que os têxteis e com os mesmos efeitos sobre custos, preços e volumes produzidos. No final das guerras napoleônicas, a produção de armas em toda a Europa já era movida a vapor. Canhões eram feitos de um vigésimo a um décimo do tempo anterior, e o custo caiu mais de dois terços. Na mesma época, Eli Whitney tinha mecanizado a manufatura de mosquetes nos Estados Unidos, criando a primeira indústria de produção em massa.

Esses 40 ou 50 anos viram surgir as fábricas e a chamada classe operária. Em meados dos anos de 1820, ambas ainda existiam em número tão pequeno na Inglaterra que, em termos estatísticos, eram insignificantes. Psicologicamente, porém, já dominavam (e não demorariam a fazê-lo também em termos políticos). Antes de surgirem fábricas nos Estados Unidos, Alexander Hamilton previu um país industrializado em seu Report on Manufactures, escrito em 1791. Uma década mais tarde, o economista francês Jean-Baptiste Say percebeu que a Revolução Industrial havia transformado a economia, criando a figura do empreendedor.


As conseqüências sociais ultrapassavam de longe a fábrica e a classe operária. Como já observou o historiador Paul Johnson em A History of the American People (1997), foi o crescimento explosivo da indústria têxtil, baseada na máquina a vapor, que infundiu vigor renovado à escravatura. Vista pelos fundadores da república americana como praticamente extinta, a escravidão renasceu assim que o descaroçador de algodão, que pouco depois já seria movido a vapor, gerou uma demanda enorme por mão-de-obra de baixo custo, transformando, por algumas décadas, a reprodução de escravos na mais lucrativa indústria dos Estados Unidos.


A Revolução Industrial também causou um forte impacto sobre a família. A família nuclear já era, havia muito tempo, a unidade de produção. Marido, mulher e filhos trabalhavam juntos na fazenda e na oficina do artesão. A fábrica, praticamente pela primeira vez na história, tirou o trabalho e o trabalhador de casa, deixando para trás alguns membros da família. Na verdade, a crise da família não começou depois da Segunda Guerra Mundial. Ela teve início com a Revolução Industrial e era a maior preocupação de seus opositores (e do sistema de produção em fábricas). Provavelmente, a melhor descrição do divórcio entre trabalho e família e do efeito que exerceu sobre ambos é a que Charles Dickens fez em Hard Times (Tempos Difíceis), de 1854.


Apesar de todos esses efeitos, a Revolução Industrial, em seu primeiro meio século, apenas mecanizou a produção de bens já existentes. Ela aumentou tremendamente a produção e diminuiu tremendamente os custos. Gerou tanto consumidores quanto bens de consumo. Mas os bens já existiam havia muito tempo. E os produtos manufaturados nas novas fábricas diferiam dos tradicionais apenas por serem uniformes, com menos defeitos que os existentes naqueles feitos pelos artesãos de épocas anteriores.


Nesses primeiros 50 anos houve apenas uma exceção, um produto novo: o barco a vapor, viabilizado por Robert Fulton em 1807, que só foi exercer grande impacto 30 ou 40 anos mais tarde. Até quase o final do século 19, os navios a vela ainda transportavam mais carga pelos oceanos do mundo que os navios a vapor.


Mas em 1829 surgiu a estrada de ferro, um produto verdadeiramente inusitado, que transformou para sempre economia, sociedade e política. Em retrospecto, é difícil imaginar por que a ferrovia demorou tanto para ser inventada. Estradas com trilhos já eram usadas havia muito tempo para movimentar vagões de carga em minas de carvão. O que haveria de mais óbvio que atrelar o vagão a uma máquina a vapor, em vez de empregar homens ou cavalos para movimentá-lo?


Mas a estrada de ferro não surgiu a partir dos vagões usados nas minas. Sua origem foi inteiramente outra. E ela não foi criada para transportar cargas. Ao contrário. Durante muito tempo, foi vista apenas como meio de transporte humano. Só nos Estados Unidos, 30 anos mais tarde, os trens começaram a ser usados para transportar cargas. Na verdade, ainda nas décadas de 1870 e 1880, os engenheiros britânicos contratados para construir as estradas de ferro no recém-ocidentalizado Japão as projetaram para transportar apenas passageiros. Mas, até entrar em operação, a primeira estrada de ferro foi algo que virtualmente ninguém tinha previsto.


Cinco anos mais tarde, porém, o mundo ocidental já vivia o maior boom da História: o boom ferroviário. Pontuado pelos picos mais espetaculares da história econômica mundial, esse boom continuou por 30 anos na Europa, até o final dos anos de 1850, quando já tinham sido construídas as principais ferrovias hoje existentes. Nos Estados Unidos, o boom se manteve por outros 30 anos. Em países mais distantes do centro, como Argentina, Brasil, Rússia e China, até a Primeira Guerra Mundial.


A estrada de ferro foi o elemento verdadeiramente revolucionário da Revolução Industrial, pois não apenas criou uma nova dimensão econômica, como também transformou rapidamente aquilo que eu chamaria de geografia mental. Pela primeira vez na história, as pessoas tinham mobilidade real. O horizonte das pessoas comuns se ampliou, também pela primeira vez. Elas se deram conta imediatamente de que estava ocorrendo uma transformação fundamental na mentalidade. Um bom relato disso pode ser encontrado naquele que certamente constitui o melhor retrato da sociedade em transição da época da Revolução Industrial, o romance Middlemarch (1871), de George Eliot.

Como observou o grande historiador francês Fernand Braudel em sua última obra importante, A Identidade da França (1989), foi a ferrovia que fez da França uma nação única, com uma cultura única. Antes, o país já era um aglomerado de regiões politicamente interligadas, mas cada uma delas girava em torno de seu próprio umbigo. E o papel da ferrovia na consolidação do Oeste é amplamente conhecido na História dos Estados Unidos.

ROTINIZAÇÃO

Como a Revolução Industrial dois séculos atrás, a Revolução da Informação, desde a chegada dos primeiros computadores, em meados da década de 1940, não fez mais do que transformar processos já existentes. Na verdade, o grande impacto da Revolução da Informação não tem se dado sob a forma de informação. Quase nenhum dos efeitos visualizados 40 anos atrás se concretizou. Por exemplo, não houve praticamente mudança alguma na maneira como são tomadas as decisões mais importantes no âmbito econômico ou governamental.


Mas a Revolução da Informação facilitou e tornou rotineiros processos tradicionais em inúmeras áreas.


O software de afinação de pianos reduz de três horas para 20 minutos o tempo da operação. Há softwares para folha de pagamentos, controle de estoque, cronograma de entregas e todos os demais processos nas empresas. Projetar as instalações internas de um prédio grande como um hospital ou uma penitenciária (tubulações de água, energia, gás e esgotos etc.) era algo que antes ocupava 25 desenhistas habilidosos por 50 dias. Hoje, existe um programa por meio do qual um único profissional dá conta do recado em dois ou três dias, a uma minúscula fração do custo anterior.


Há softwares que ajudam as pessoas a preencher formulários de impostos e outros que ensinam médicos residentes a fazer uma cirurgia para retirada de vesícula. Quem especula nas bolsas hoje faz exatamente o que era feito nos anos 20. Só que, na época, passava-se horas e horas diárias numa corretora de ações. Os processos não mudaram nada - apenas foram rotinizados, passo a passo, possibilitando uma economia imensa de tempo e, muitas vezes, de dinheiro.



O impacto psicológico da Revolução da Informação tem sido fortíssimo, como aconteceu com a Revolução Industrial. Talvez tenha sido maior na maneira como as crianças aprendem. Hoje em dia, crianças de quatro anos ou até menos já aprendem a mexer com computadores, em pouco tempo superando os adultos. Os computadores são brinquedos e ferramentas de aprendizado. Daqui a 50 anos, é bem possível que concluamos que não houve crise no ensino americano nos últimos anos do século 20. Houve apenas uma crescente incongruência entre a maneira como as escolas ensinavam e a maneira como as crianças aprendiam.

Algo semelhante se deu na universidade do século 16, mais de 100 anos depois da invenção da imprensa e dos tipos móveis. Mas, no que diz respeito à nossa maneira de trabalhar, a Revolução da Informação veio apenas rotinizar aquilo que já era feito havia muito tempo. A única exceção é o CD-ROM, inventado há cerca de 20 anos para apresentar óperas, cursos universitários ou a obra completa de um autor de maneira totalmente nova. Como o barco a vapor, o CD-ROM não pegou de imediato.

O SIGNIFICADO DO COMÉRCIO ELETRÔNICO



O comércio eletrônico representa para a Revolução da Informação o que a ferrovia foi para a Revolução Industrial: um avanço totalmente inusitado, inesperado. E, como a ferrovia de 170 anos atrás, o comércio eletrônico está gerando um boom novo e distinto, provocando transformações aceleradas na economia, na sociedade e na política.

Exemplo: uma empresa de dimensões médias no meio-oeste industrial dos Estados Unidos, fundada na década de 20 e hoje administrada pelos netos do fundador, dominava cerca de 60% do mercado de louças de baixo preço utilizadas por redes de fast-food, hospitais e refeitórios de escolas e escritórios, num raio de 160 quilômetros em torno da fábrica. Louça é um produto pesado e que quebra com facilidade, de modo que a louça barata costuma ser vendida em áreas restritas.


Essa empresa perdeu mais de metade de seu mercado praticamente da noite para o dia. Um dos clientes, uma cafeteria de hospital, descobriu, depois que um dos funcionários saíra navegando pela Internet, um fabricante europeu que oferecia louça de qualidade aparentemente superior, mais barata. E que, ainda por cima, era remetida de avião a um custo baixo. Em questão de meses, os principais clientes da região passaram a comprar do fornecedor europeu. Parece que poucos se dão conta de que a louça vem da Europa - e muito menos se preocupam com isso.


Na nova geografia mental criada pela ferrovia, a humanidade dominou a distância. Na geografia mental do comércio eletrônico, a distância foi eliminada. Existe apenas uma economia e um mercado. Uma conseqüência disso é que toda empresa precisa se tornar competitiva em nível global, mesmo que produza ou venda apenas dentro de um mercado local ou regional. A concorrência já deixou de ser local. Na verdade, não conhece fronteiras. Toda empresa precisa tornar-se transnacional na forma de ser administrada.


Mas é muito possível que a multinacional tradicional se torne obsoleta. Ela produz e distribui em uma série de geografias distintas, aspecto no qual é uma empresa local. No comércio eletrônico não existem empresas locais, nem geografias distintas. Onde produzir, onde vender e como vender vão continuar sendo decisões importantes para as empresas. Mas é possível que, dentro de 20 anos, elas não mais determinem o que a empresa faz, nem como ou onde o faz.


Ao mesmo tempo, ainda não está claro que tipo de produto e serviço será comprado e vendido por meio do comércio eletrônico, nem que tipo vai se revelar inadequado para ele. Isso tem acontecido toda vez que aparece um novo canal de distribuição. Por que, por exemplo, a ferrovia transformou a geografia tanto mental quanto econômica do Oeste, se o navio a vapor - que exerceu impacto igual sobre o comércio mundial e o transporte de passageiros - não fez nenhuma das duas coisas? Por que não houve nenhum boom do navio a vapor?


O impacto das mudanças mais recentes nos canais de distribuição tem sido igualmente pouco claro. Essas mudanças são, por exemplo, a passagem da mercearia de bairro para o supermercado, do supermercado para a cadeia de supermercados e da cadeia de supermercados para o Wal-Mart e outras redes de lojas de descontos. Já está claro que a passagem para o comércio eletrônico será tão eclética e cheia de surpresas quanto essas.

Um exemplo: há 25 anos acreditava-se, de modo geral, que no prazo de algumas décadas a palavra impressa seria enviada eletronicamente para as telas dos computadores de assinantes individuais. Os assinantes teriam a opção de ler os textos na tela ou imprimi-los. Foi essa a premissa subjacente ao lançamento do CD-ROM. Assim, um número muito grande de jornais e revistas, não só nos Estados Unidos, se estabeleceram no mundo online. Até hoje pouquíssimos deles viraram minas de ouro. Mas qualquer pessoa que, 20 anos atrás, tivesse previsto a existência da Amazon.com - ou seja, que livros seriam vendidos pela Internet, mas entregues ao consumidor na forma impressa, pesada - teria sido motivo de chacota. Apesar disso, é exatamente o que a Amazon.com faz em todo o mundo. O primeiro pedido da edição americana de meu livro mais recente, Management Challenges for the 21st Century (1999), foi recebido pela Amazon.com e veio da Argentina.

Outro exemplo: dez anos atrás, uma das maiores montadoras mundiais fez um estudo abrangente do impacto previsto da então emergente Internet sobre as vendas de carros. A conclusão foi que a Internet se transformaria em importante canal de distribuição de carros usados, mas que os clientes ainda iriam querer ver os carros novos, tocá-los e testá-los. O que vem acontecendo na realidade, pelo menos até agora, é que a maioria dos carros usados continua sendo comprada não pela Internet, mas em revendedoras. Enquanto isso, metade de todos os carros zero vendidos (excluindo os de luxo) já podem ser comprados por meio da Internet. As revendedoras só entregam carros que os clientes escolheram muito antes de pôr os pés na revendedora. Quais as implicações disso para o futuro das revendedoras locais, o mais lucrativo pequeno comércio do século 20?


Terceiro exemplo: com freqüência cada vez maior, os corretores que atuam no mercado acionário americano negociam ações pela Internet. Mas os investidores parecem estar comprando menos online. O maior canal de investimento nos Estados Unidos são os fundos mútuos. Enquanto, alguns anos atrás, quase metade dos fundos mútuos eram comprados eletronicamente, estima-se que essa proporção caia para 35% em 2000 e 20% até 2005. É o contrário do que todo mundo previa, há 10 ou 15 anos.


O comércio eletrônico que mais cresce nos Estados Unidos ocupa uma área que, até agora, nem sequer era comércio propriamente dito: o de empregos para funcionários administrativos, gerentes e executivos. Quase metade das maiores empresas do mundo hoje contrata por meio de Web sites. E cerca de 2,5 milhões de administrativos e gerentes (dois terços dos quais não são engenheiros ou profissionais da área da informática) têm seus currículos na Internet e buscam emprego por meio dela. O resultado é um mercado de trabalho completamente novo. Isso ilustra outro efeito importante do comércio eletrônico. Canais de distribuição novos mudam a identidade dos clientes e compradores. Eles modificam não apenas a maneira como os fregueses compram, mas também o que compram. Transformam o comportamento dos consumidores, os padrões de poupança, a estrutura de indústrias, em suma, a economia por inteiro. É isso que está acontecendo hoje. Não apenas nos Estados Unidos, mas, cada vez mais, no resto do mundo desenvolvido e em muitos países emergentes, incluindo a China continental.


LUTERO, MAQUIAVEL E O SALMÃO


A ferrovia transformou a Revolução Industrial em fato concreto. O que havia sido revolução virou establishment e desencadeou um boom que durou quase 100 anos. A tecnologia da máquina a vapor não chegou ao fim com a ferrovia. Ela levou à turbina a vapor, nos anos de 1880 e 1890, e, nas décadas de 1920 e 1930, às últimas magníficas locomotivas a vapor americanas, tão apreciadas pelas pessoas cujo hobby é estudar trens. Mas a tecnologia centrada na máquina a vapor e nas operações de manufatura deixou de ser central. Em lugar dela, a dinâmica tecnológica transferiu-se para indústrias novas, que surgiram quase imediatamente depois da invenção da ferrovia e não para qualquer coisa relacionada a vapor ou máquinas a vapor.


O telégrafo e a fotografia vieram primeiro, na década de 1830, seguidos pouco depois pela óptica e pelos equipamentos agrícolas. A nova e diferente indústria dos fertilizantes, que surgiu no final dos anos de 1830, não demorou a transformar a agricultura. A saúde pública tornou-se uma atividade importante e central. Ela não parou de crescer com o surgimento de quarentenas e vacinas, nem com o fornecimento de água potável e de redes de esgoto que, pela primeira vez na História, fizeram da cidade um hábitat mais saudável do que o campo. Os primeiros anestésicos surgiram na mesma época.


Essas tecnologias novas e importantíssimas foram acompanhadas por novas instituições sociais: serviço postal moderno, jornal diário, bancos de investimentos e bancos comerciais, para citar apenas alguns poucos. Nenhuma delas guardava muita relação com a máquina a vapor ou com a tecnologia da Revolução Industrial de modo geral. Foram essas novas indústrias e instituições que, em 1850, já dominavam a paisagem industrial e econômica dos países desenvolvidos.


Foi algo muito semelhante ao que acontecera com a revolução da imprensa, a primeira das revoluções tecnológicas que tiveram lugar no mundo moderno. Nos 50 anos que se seguiram a 1455, quando Gutenberg aperfeiçoou a imprensa e os tipos móveis nos quais trabalhara durante muito tempo, ela difundiu-se pela Europa e transformou por completo a economia e a psicologia do continente. Mas os livros impressos nos primeiros 50 anos, os chamados incunábulos, continham em grande parte os mesmos textos que os monges vinham copiando há séculos de maneira tão trabalhosa: obras religiosas e os remanescentes dos escritos da Antiguidade.


Naqueles primeiros 50 anos foram publicados cerca de 7 000 títulos, em 35 000 edições. Desses, pelo menos 6 700 eram tradicionais. Em outras palavras, em seus primeiros 50 anos de existência a imprensa tornou disponível, a preços cada vez mais acessíveis, produtos de informação e comunicação tradicionais. Mais tarde, cerca de 60 anos após Gutenberg, surgiu a Bíblia alemã de Lutero. Milhares de cópias dela foram vendidas quase imediatamente a um preço inacreditavelmente baixo. Com a Bíblia de Lutero, a nova tecnologia de reprodução impressa abriu o caminho para uma nova sociedade. Abriu caminho também para o protestantismo, que conquistou metade da Europa e, no prazo de 20 anos, forçou a Igreja Católica a reformar-se. Lutero utilizou a nova mídia da letra impressa de maneira deliberada, com o objetivo de levar a religião de volta ao lugar central da vida individual e da sociedade. Isso desencadeou um século e meio de reformas, revoltas e guerras religiosas.


Ao mesmo tempo que Lutero utilizava a imprensa com a intenção declarada de reformar a cristandade, Maquiavel escrevia e publicava O Príncipe (1513), o primeiro livro ocidental em mais de 1000 anos a não conter uma única citação bíblica e nenhuma referência aos escritores da Antiguidade. Em pouquíssimo tempo, O Príncipe tornou-se o outro best-seller do século 16, seu livro mais notório e mais influente. Logo surgiu uma abundância de obras puramente seculares, aquilo a que hoje damos o nome de literatura: romances e livros de ciências, história, política e, pouco depois, economia. Não demorou para que surgisse na Inglaterra a primeira forma de arte puramente secular, o teatro moderno. Também surgiram instituições totalmente novas: a ordem jesuíta, a infantaria espanhola, a primeira marinha moderna e, finalmente, o Estado nacional soberano.


Em outras palavras, a revolução da imprensa antecipou a trajetória cumprida pela Revolução Industrial 300 anos mais tarde e que é seguida pela Revolução da Informação nos dias de hoje. Ninguém pode prever, por enquanto, quais serão as novas indústrias e instituições. Nos anos de 1520, ninguém previa o surgimento da literatura secular, muito menos do teatro secular. Na década de 1820, ninguém previa o telégrafo elétrico, a saúde pública ou a fotografia.


Tornamos a repetir: a única coisa altamente provável, se não quase certa, é que nos próximos 20 anos vamos assistir ao surgimento de uma série de novas indústrias. Ao mesmo tempo, é quase certo que poucas delas vão sair da tecnologia da informação, do computador, do processamento de dados ou da Internet. Essa previsão é fundamentada pelos precedentes históricos, mas também se aplica às novas indústrias que já estão nascendo em ritmo acelerado. Como já dissemos, a biotecnologia já está entre nós. E a criação comercial de peixes, também.


Vinte e cinco anos atrás o salmão era uma iguaria delicada. Nos jantares oferecidos em convenções comerciais, podia-se optar entre frango e carne bovina. Hoje em dia, o salmão é um produto comum e a terceira opção de praxe nos jantares de convenções. A mesma coisa se aplica, com freqüência cada vez maior, às trutas. Dentro em breve, ao que tudo indica, se aplicará a uma série de outros peixes. O linguado, por exemplo, que está para os frutos do mar como a carne de porco está para a carne bovina, está entrando em fase de produção oceânica em massa. Isso certamente levará ao desenvolvimento genético de novos e diferentes peixes, exatamente como a domesticação de ovelhas, vacas e galinhas levou ao desenvolvimento de novas raças desses animais.


Mas é provável que cerca de uma dúzia de tecnologias se encontrem na fase em que a biotecnologia estava 25 anos atrás - ou seja, prontas para emergir. Tamb&eaacute;m existe um serviço aguardando o momento de nascer: o dos seguros contra o risco de exposição a moedas estrangeiras. Agora que toda indústria ou negócio integra a economia mundial, esse tipo de seguro é tão necessário quanto os seguros contra riscos físicos (incêndios, inundações) nas etapas iniciais da Revolução Industrial, época em que surgiram os seguros tradicionais. Todos os conhecimentos necessários para criar seguros contra a instabilidade das moedas estrangeiras existem. Só está faltando a instituição propriamente dita.

Nas próximas duas ou três décadas, provavelmente assistiremos a transformações tecnológicas muito maiores que as ocorridas nas décadas que se passaram desde o nascimento do computador e também a transformações ainda maiores na estrutura industrial, na paisagem econômica e, possivelmente, também na social.

O GENTLEMAN VERSUS O TECNÓLOGO


As novas indústrias que surgiram depois da ferrovia deviam pouco, em termos tecnológicos, à máquina a vapor ou à Revolução Industrial de modo geral. Não eram seus filhos de carne, mas, sim, seus filhos em espírito. Tornaram-se possíveis apenas devido à mentalidade criada pela Revolução Industrial e às habilidades por ela desenvolvidas. Era uma mentalidade que aceitava - na verdade, saudava efusivamente - novos produtos e serviços. Também criava os valores sociais que possibilitavam o surgimento das novas indústrias. E, sobretudo, criava a figura do tecnólogo.


O sucesso social e financeiro passou longe, por muito tempo, do primeiro tecnólogo americano importante, Eli Whitney, cujo descaroçador de algodão, inventado em 1793, foi tão essencial quanto a máquina a vapor para a consolidação da Revolução Industrial. Uma geração mais tarde, porém, o tecnólogo, ainda autodidata, já se transformara em herói popular americano, figura socialmente aceita e financeiramente recompensada. O primeiro exemplo disso talvez tenha sido Samuel Morse, o inventor do telégrafo. O mais respeitado e célebre foi Thomas Edison. Na Europa, a figura do homem de negócios continuou ainda por muito tempo a ser vista como socialmente inferior, mas, em 1830 ou 1840, o engenheiro formado em universidade já se tornara um profissional respeitado.

Na década de 1850, a Inglaterra já perdia sua posição de preeminência e começava a ser superada por uma economia industrial, primeiramente pelos Estados Unidos, depois pela Alemanha. A idéia comumente aceita é que a razão principal disso não foi nem econômica nem tecnológica, mas social. Economicamente falando, e mais ainda em termos financeiros, a Inglaterra continuou a ser a maior potência até a Primeira Guerra Mundial. Em termos de tecnologia, manteve-se na dianteira durante todo o século 19. As tinturas sintéticas para tecidos, primeiros produtos da moderna indústria química, foram lá inventadas, assim como a turbina a vapor.


Mas a Inglaterra não aceitou o tecnólogo em termos sociais, nunca o elevou à categoria de gentleman. Os ingleses montaram escolas de engenharia de primeira linha na Índia, mas não em seu próprio país. Nenhum outro país honrou a tal ponto a figura do cientista. De fato, a Inglaterra conservou a liderança no campo da física durante todo o século 19, desde James Clerk Maxwell e Michael Faraday até Ernest Rutherford. Mas o tecnólogo continuou a ser visto como pequeno comerciante. Dickens, por exemplo, manifestou desprezo declarado pelo dono da fundição de ferro oriundo de uma classe social inferior em seu romance Bleak House (Casa Soturna), de 1853.


Tampouco foi na Inglaterra que surgiu a figura do capitalista de investimentos, que possui os meios e a mentalidade necessários para financiar o inesperado e o não comprovado. Invenção francesa, primeiro retratada na monumental A Comédia Humana, de Balzac, na década de 1840, o capitalista de investimentos foi institucionalizado nos Estados Unidos por J. P. Morgan e, ao mesmo tempo, na Alemanha e no Japão pelo banco universal. Mas a Inglaterra, apesar de haver criado e desenvolvido o banco comercial (para financiar o comércio), não possuía instituições que financiassem a indústria - até que dois refugiados alem&attilde;es, S. G. Warburg e Henry Grunfeld, lançaram em Londres um inovador banco empreendedor, pouco antes da Segunda Guerra.

O SUBORNO DO TRABALHADOR DO CONHECIMENTO


O que seria preciso para impedir que os Estados Unidos se transformem na Inglaterra do século 21? Estou convencido de que é uma mudança radical na mentalidade social, do mesmo modo que a posição de liderança na economia industrial, após o advento da ferrovia, exigiu a mudança drástica de pequeno comerciante para tecnólogo ou engenheiro.

Aquilo que chamamos de Revolução da Informação é, na realidade, uma revolução do conhecimento. A rotinização dos processos não foi possibilitada por máquinas. O computador, na verdade, é apenas o gatilho que a desencadeou. O software é a reorganização do trabalho tradicional, baseado em séculos de experiência, por meio da aplicação do conhecimento e, especialmente, da análise lógica e sistemática. A chave não é a eletrônica, mas sim a ciência cognitiva.


Isso significa que a chave para manter a liderança na economia e na tecnologia que estão prestes a emergir provavelmente será a posição social dos trabalhadores do conhecimento e a aceitação social de seus valores. Se eles continuassem sendo funcionários tradicionais e tratados como tais, isso equivaleria ao tratamento que a Inglaterra deu a seus tecnólogos. E as conseqüências provavelmente seriam semelhantes.


Hoje, porém, estamos tentando ficar em cima do muro: manter a mentalidade tradicional - na qual o recurso-chave é o capital e quem manda é o financista - e, ao mesmo tempo, subornar os trabalhadores do conhecimento, com bônus e opções de compra de ações - para que se contentem em continuar senndo meros empregados. Mas isso vai funcionar, se é que vai, apenas enquanto as indústrias emergentes desfrutarem da explosão no mercado acionário, como vem sendo o caso das empresas ligadas à Internet. As próximas indústrias de grande monta provavelmente irão comportar-se muito mais como as tradicionais. Ou seja, crescerão de maneira lenta, dolorosa e à custa de muito esforço.


As primeiras indústrias da Revolução Industrial - têxteis de algodão, siderrurgia e ferrovias - eram indústrias explosivas. Elas geraram milionários da noite para o dia, como os banqueiros de investimentos de Balzac ou o dono da fundição de ferro retratado por Dickens, que, em poucos anos, passou de humilde criado a capitão de indústria. As indústrias que surgiram depois de 1830 também geraram milionários. Mas levaram 20 anos para fazê-lo. Foram 20 anos de trabalho duro, lutas, decepções, fracassos e poupança. É provável que a mesma coisa se aplique às indústrias que vão surgir daqui para a frente. Isso já está acontecendo com a biotecnologia.


Está claro, portanto, que subornar os trabalhadores do conhecimento - de quem dependem essas indústriias - simplesmente não vai funcionar. Os trabalhadores-chave do conhecimento certamente vão continuar tendo a expectativa de poder compartilhar financeiramente os frutos de seu trabalho. Mas é provável que esses frutos financeiros levem muito mais tempo para amadurecer, se é que vão amadurecer. Então, provavelmente dentro de uns dez anos, administrar um negócio que tenha como sua primeira (quando não única) meta e justificativa o valor para o acionista (valor de curto prazo) passará a ser contraproducente. Cada vez mais, o desempenho dessas novas indústrias baseadas no conhecimento vai depender de as instituições serem administradas de maneira a atrair, reter e motivar os trabalhadores do conhecimento. Quando satisfazer a cobiça de tais trabalhadores, como hoje estamos tentando fazer, deixar de ser suficiente, será preciso atender seus valores e oferecer-lhes reconhecimento e poder social. Para isso, será preciso transformá-los de subordinados em colegas executivos. De empregados, por mais bem pagos que possam ser, em sócios. Ele recomenda As obras citadas por Peter Druker artigo